domingo, 30 de setembro de 2012

Uma pausa para a reflexão política...

Caríssimo (a) leitor (a),

Neste mês de setembro preferi substituir a minha postagem mensal para dar espaço para uma reflexão política, já que estamos há 7 dias das eleições, as quais são importantes não somente numa data específica, mas sim em todos os nossos dias, já que fazemos política no nosso cotidiano. E para isso, disponibilizo o texto do amigo e Cientista Político, Vinícius Werneck, texto este que assino embaixo. Como eu digo: o voto é individual, mas a consequencia é coletiva. Vamos pensar nisso...

A Negação da Política, por Vinicius Werneck1


Muita coisa aconteceu entre a famosa frase de Aristóteles configurando o homem como um animal político (politikon zoon) e os recorrentes estudos científicos que tentam explicar a descrença generalizada com relação à política. Em muitos contextos, conversar sobre política proporciona interessantes contrações faciais nos ouvintes, sutilmente desaprovando a emergência de tão desagradável tópico.
Ter um filho político tornou-se algo que algumas famílias procurariam esconder. Nas recentes pesquisas acadêmicas têm-se notado um fenômeno interessante: além dos clássicos personagens frequentemente encarnados pelos candidatos - o gerente, o pai de família, o zeloso, o self-made man -, criou-se a figura do técnico. A característica mais notável dessa persona encontra-se no fato que ele se considera livre de qualquer politicidade. O candidato escolhe para si a imagem da frieza técnica, de alguém que encontra um problema e sabe o que fazer para consertá-lo. Chega ao extremo de dizer que não é político nem pretende sê-lo, como se a política fosse o lugar que deve ser negado.
Negar o reino da política não é uma postura sem prejuízos: ela favorece uma lógica perversa, que, por vezes, afasta da participação aqueles realmente interessados no bem comum. Cada cidadão que abdica da participação política por considera-la improdutiva ou mesmo negativa, certamente está tornando mais fácil o caminho para aqueles que se aventuram na política institucional para favorecimento próprio.
Participamos da política diariamente, sem percebermos. Estamos atuando politicamente quando nos relacionamos com os vizinhos, quando decidimos saber ou não o nome do porteiro, quando enviamos um telegrama a uma família conhecida que acabou de enterrar um dos parentes. Somos políticos quando precisamos resolver como organizar o almoço de arrecadação de fundos de uma igreja - ou quando queremos justamente impedir que alguém se case na igreja. Somos políticos quando conversamos em família para decidir onde serão passadas as próximas férias - e também o somos quando decidimos unilateralmente e notificamos os demais familiares.
Política, não sem motivo, vem da raiz polis, que significava cidade na antiga grécia. Foi após a formação das cidades - à época unidades com grande autonomia - que surgiu também o conceito polites (cidadão). As palavras inglesas politics, policy e police têm todas a mesma origem grega no termo polis. A língua portuguesa traduz politics e policy em apenas uma palavra: política. Quando dizemos “qual a política do condomínio em relação a animais?” estamos nos referindo a policy (também usado na expressão “políticas públicas”). Quando falamos sobre política como a ciência de governar (Aristóteles), ou mesmo em um sentido mais amplo, que envolva as atitudes cotidianas dos cidadãos comuns, estamos utilizando o conceito politics. Police, contemporaneamente traduzido como polícia, foi, durante um tempo, intercambeável com o termo policy. Manter a ordem era afinal, uma política pública, e essa política (policy/police) ia para a rua tomar forma.
E o que não é a política, se não nossa prática de convivência diária na polis? Considerar-se alheio ao processo político - além de pouco produtivo para a melhoria das condições coletivas - é também uma ação política. É uma ação política, por que possui resultados coletivos, implicações amplas e é, em última instância, exercício de liberdade individual. Não é necessário que todos se obriguem a participar da política partidária, mas certamente demonizar essa ou qualquer esfera da práxis política só favorece aos espertos interessados em garantir tranquilidade financeira às custas do erário público.
Mitos como o de se autopropalar apolítico ou não-ideológico são muitas vezes favoráveis à manutenção do status quo. Gramsci citava constantemente uma frase de Marx, defendendo que “a teoria se transforma em poder material tão logo se apodera das massas”. Independente de qualquer juízo de valor sobre as teses gramscianas, é bastante consensual que conhecimento tem grandes conexões com poder. Manter a população minimamente satisfeita é uma estratégia utilizada em Roma (Panis et circenses), propagada por Maquiavel (“O Príncipe”), denunciada por Florestan Fernandes (“Sociedade de classes e subdesenvolvimento”), analisada por Robert Dahl (“Poliarquia”) ad aeternum. Isso não impediu que o século XXI fosse um espectador da mesma forma ingênua de dominação de poucos sobre uma maioria.
Perceber-se como um ser ideológico e político veste de legitimidade asbposições individuais, mesmo aquelas de afastamento voluntário da participação política institucional. Se já é difícil decidir qual filme ver no cinema, quando a outra pessoa se recusa a opinar, imagine a complexidade de cuidar de um país inteiro, ou mesmo uma cidade ou condomínio.
Churchill disse da democracia: “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais.” Da mesma forma podemos dizer da política ou da ideologia: ninguém diz que a busca coletiva para o bem comum, o debate, a discussão de ideias ou a dialética são perfeitas ou sem defeito. São, talvez, as piores opções - depois de excluir todo o resto. Talvez uma alternativa ainda esteja por ser inventada. Mas, certamente, o inventor precisará da política, do debate e da dialética para convencer o resto do mundo que eles
estão de costas na caverna de Platão.
1 B.A., M.Sc and PhD. Candidate / Graduado em comunicação social, mestre em Ciência Política e doutorando na mesma área.

Fonte: http://www.jucelio.com/?q=content/nega%C3%A7%C3%A3o-da-pol%C3%ADtica-por-vinicius-werneck. Acesso: 30/09/2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dica de leitura: Insônia, de Graciliano Ramos

Graciliano Ramos (1892-1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista. A sua obra é bastante marcada por uma grande análise psicossocial e se ocupa principalmente dos extremos da experiência humana, tais como o amor, a miséria, a hipocrisia e os instintos mais primitivos do homem. O regionalismo no modo de falar dos personagens também aponta a crueldade que existe no julgamento por aparências.
Nessa perspectiva, o livro Insônia, que é dica deste mês, revela as várias faces do homem em situações distintas, descortinando as fragilidades e angústias humanas. É um livro que retrata uma trama psicológica, começando por um questionamento simples de um homem no meio da noite: “Tirou a vida de alguém ou a razão de esse alguém viver? Está apenas louco? Sente medo?  Possui um trauma? Está apenas sonhando? Será uma saudade ou arrependimento? Uma preocupação ou apenas excesso de café na noite anterior”
Insônia se apresenta, então, como uma metáfora para que se perceba algo mais. Já que o personagem não consegue dormir, qual seria a alternativa, sentar e refletir no escuro ou observar os problemas do mundo em sua forma mais crua e sombria? Com 13 contos, o livro traz, como personagem fiel e protagonista, a própria insônia, pois, em meio às inquietudes da existência, o narrador não quer fazer o leitor se compadecer, simplesmente, mas levá-lo a confrontar a consciência de sua própria realidade. Assim, a experiência se torna mais intensa com a passagem do personagem pelo hospital, onde fica obcecado com a passagem do tempo e a falta de sentidos. Enfim, nota-se que é um livro que reflete de forma significativa os conflitos e angústias do próprio escritor diante do mundo à volta, além de uma agudeza singular para observar e pensar o enfrentamento do homem nordestino em um contexto hostil, injusto e implacável. Fica, então, a sugestão para mais uma grande leitura de Graciliano Ramos, que, em algum momento, nos aponta a nossa própria insônia...

Reportagem da UFJF sobre a Revista Encontro Literário

Por José Eduardo Brum (SECOM-UFJF)

A publicação online “Encontro Literário” recebe, até 20 de setembro, as inscrições gratuitas para seleção de poesias. As produções devem ser inéditas, além de não ultrapassarem o tamanho de duas laudas. O último edital, lançado no primeiro semestre e focado em contos, atraiu 134 textos, oriundos de 20 estados brasileiros, além de participações vindas da Alemanha, Japão, Portugal e Suíça.
Componente do corpo de editores, Ailton Augusto destaca alguns motivos de tamanha procura e repercussão. “Acredito que o maior estímulo à participação das pessoas é a sua necessidade de expressão, comum a todos nós, humanos. No que diz respeito à revista, existe também o reconhecimento de que a submissão a um veículo de comunicação com média de 1.200 acessos por mês, e registro ISSN, pode aumentar o respaldo ou valor agregado do texto.”
Neste edital, a equipe de editores, com a ajuda de colaboradores, vai selecionar cinco trabalhos a serem publicados no site da revista. O envio do material deve ser feito por email (revistaencontroliterario@yahoo.com.br). Como prêmio, os escolhidos vão receber um exemplar da obra ‘Cem Sonetos de Amor’, do escritor chileno Pablo Neruda.
Sobre a avaliação dos trabalhos submetidos, Ailton aponta que, pela riqueza de possibilidades, a poesia tem a sutileza de transmitir uma mensagem de forma mais elaborada e menos direta do que ocorre nos textos em prosa. “O que nós buscamos é a originalidade da ideia, a beleza da construção poética, o bom uso da Língua Portuguesa.”
Um dos contemplados na última seleção de poesias, ocorrida em dezembro de 2011, foi o vice-presidente da União Brasileira de Escritores/RJ, Luiz Gondim de Araujo Lins. “Gosto de participar de concursos, pois propiciam o conhecimento de bons escritores. Acho ótima a iniciativa, a partir do título Encontro Literário, de propiciar momentos de pausa e meditação num mundo tão conturbado.”
O edital, com todas as especificações de envio, pode ser acessado no site da revista. Neste espaço, também é possível consultar os agraciados em editais passados.
A revista
“Encontro Literário” foi criada por dois egressos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF): Raphael Reis e Rafael Laguardia. O primeiro é graduado em História e mestrando em Educação, enquanto o segundo desligou-se após a aprovação no doutorado em História pela Universidade. Atualmente fazem parte do corpo editorial, Ailton Augusto (graduado em Letras pela UFJF), Paulo Tostes (graduado em Letras e mestre em Literatura pela UFJF, atualmente doutorando na Universidade Federal Fluminense na mesma área) e Raphael Reis.
Outras informações: revistaencontroliterario@yahoo.com.br
http://www.revistaencontroliterario.blogspot.com.br/2012/08/selecao-de-poesias-edital-04-2012.html

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Inscrições abertas para o Vivaleitura 2012

 
Estão abertas até 29/9 as inscrições para a edição 2012 do Prêmio Vivaleitura, organizado e coordenado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN/Minc), por intermédio do PROLER, vinculado à Coordenação de Geral de Leitura da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB). Na edição deste ano, serão premiados com R$ 30 mil os seis melhores projetos em cada uma das três categorias (“Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias”, “Escolas públicas e privadas” e “Sociedade”). O prêmio tem apoio do MEC, OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos), Consed (Conselho de Secretários de Estado da Educação), Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), Fundação Banco do Brasil e Fundação Santillana. Para mais informações, acesse www.premiovivaleitura.org.br.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Hemeroteca Digital Brasileira (Biblioteca Nacional)

Na HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA pesquisadores de qualquer parte do mundo passam a ter acesso, inteiramente livre e sem qualquer ônus, a títulos que incluem desde os primeiros jornais criados no país – como o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro, ambos fundados em 1808 – a jornais extintos no século XX, como o Diário Carioca e Correio da Manhã, ou que não circulam mais na forma impressa, caso do Jornal do Brasil.
Entre as publicações mais antigas e mesmo raras do século XIX estão, por exemplo, O Espelho, Reverbero Constitucional Fluminense, O Jornal das Senhoras, O Homem de Cor, Marmota Fluminense, Semana Illustrada, A Vida Fluminense, O Mosquito, A República, Gazeta de Notícias, Revista Illustrada, O Besouro, O Abolicionista, Correio de S. Paulo, Correio do Povo, O Paiz, Diário de Notícias, e também os primeiros jornais das províncias do Império.
Quanto ao século XX, podem ser consultados revistas de grande importância como Careta, O Malho, O Gato, Revista da Semana, Klaxon, Revista Verde, Diretrizes e jornais que marcaram fortemente a história da imprensa no Brasil, como A Noite, Correio Paulistano, A Manha, A Manhã e Última Hora.
Periódicos de instituições científicas também compõem um segmento especial do acervo já disponível. São alguns deles os Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto, O Progresso Médico, a Revista Médica Brasileira, os Annaes de Medicina Brasiliense, o Boletim da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, a Revista do Instituto Polytechnico Brasileiro, a Rodriguesia: revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Jornal do Agricultor, entre muitos outros. O pesquisador pode consultar também outras modalidades de publicação, como o Boletim da Illustríssima Câmara Municipal da Corte, os Relatórios dos Presidentes das Províncias (no Império) o Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, a Revista do Archivo Público Mineiro, a Gazeta dos Tribunaes: dos juízes e factos judiciaes, do foro e da jurisprudência (Rio de Janeiro) etc.
A consulta, possível a partir de qualquer aparelho conectado à internet, é plena e avançada. Pode ser realizada por título, período, edição, local de publicação e palavra(s). A busca por palavras é possível devido à utilização da tecnologia de Reconhecimento Ótico de Caracteres (Optical Character Recognition – OCR), que proporciona aos pesquisadores maior alcance na pesquisa textual em periódicos. Outra vantagem do portal é que o usuário pode também imprimir em casa as páginas desejadas.
Além da chancela do MINISTÉRIO DA CULTURA, a HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA é reconhecida pelo MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA e tem o apoio financeiro da FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS – FINEP, o que tornou possível a compra dos equipamentos necessários e a contratação de pessoal para a sua criação e manutenção. Neste momento do lançamento do portal – julho de 2012 –, são cinco milhões de páginas digitalizadas de periódicos raros ou extintos à disposição dos pesquisadores, número que se multiplicará com a continuidade da reprodução digital.

Fonte: http://hemerotecadigital.bn.br/