quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dica de leitura: Insônia, de Graciliano Ramos

Graciliano Ramos (1892-1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista. A sua obra é bastante marcada por uma grande análise psicossocial e se ocupa principalmente dos extremos da experiência humana, tais como o amor, a miséria, a hipocrisia e os instintos mais primitivos do homem. O regionalismo no modo de falar dos personagens também aponta a crueldade que existe no julgamento por aparências.
Nessa perspectiva, o livro Insônia, que é dica deste mês, revela as várias faces do homem em situações distintas, descortinando as fragilidades e angústias humanas. É um livro que retrata uma trama psicológica, começando por um questionamento simples de um homem no meio da noite: “Tirou a vida de alguém ou a razão de esse alguém viver? Está apenas louco? Sente medo?  Possui um trauma? Está apenas sonhando? Será uma saudade ou arrependimento? Uma preocupação ou apenas excesso de café na noite anterior”
Insônia se apresenta, então, como uma metáfora para que se perceba algo mais. Já que o personagem não consegue dormir, qual seria a alternativa, sentar e refletir no escuro ou observar os problemas do mundo em sua forma mais crua e sombria? Com 13 contos, o livro traz, como personagem fiel e protagonista, a própria insônia, pois, em meio às inquietudes da existência, o narrador não quer fazer o leitor se compadecer, simplesmente, mas levá-lo a confrontar a consciência de sua própria realidade. Assim, a experiência se torna mais intensa com a passagem do personagem pelo hospital, onde fica obcecado com a passagem do tempo e a falta de sentidos. Enfim, nota-se que é um livro que reflete de forma significativa os conflitos e angústias do próprio escritor diante do mundo à volta, além de uma agudeza singular para observar e pensar o enfrentamento do homem nordestino em um contexto hostil, injusto e implacável. Fica, então, a sugestão para mais uma grande leitura de Graciliano Ramos, que, em algum momento, nos aponta a nossa própria insônia...

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