terça-feira, 31 de maio de 2011

Cordel como Crítica Social

Antonio Barreto

Nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara/Bahia-Brasil. Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado aproximadamente 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.


BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

FIM

sábado, 28 de maio de 2011

Encontro com Aleksander Laks, o sobrevivente de Auschwitz

   Ontem, dia 27/05/11, tive a oportunidade através do convite do amigo Sanderson Romualdo (Geógrafo) de assistir a uma palestra do Sr. Aleksander Laks, sobrevivente dos campos de concentração nazista, na Fundação Espírita Allan Kardec (FEAK - Juiz de Fora).
  Para mim, particularmente, foi um encontro muito especial porque durante minha graduação em História pela UFJF, dediquei dois anos de leitura sobre Auschwitz, porém por limitações linguísticas (aprendizado dos idiomas polonês, alemão e russo), pois a maioria da fontes sobre o assunto estão nestas línguas, fez com que eu deixasse esse objeto acadêmico para estudos posteriores, dedicando-me a outros objetos, tais como: Espiritualidade Medieval (movimento herético e São Franciscode Assis) e depois Políticas Públicas em Leitura e Educação. Ainda, para um historiador, foi um momento único, pois é uma fonte primária (história oral).
   Sr. Laks, através de seu depoimento, nos relatou como foi a invasão da Polônia pela Alemanha, como sua família foi parar no campo de concentração de Auschwitz e como ele sobreviveu a seis anos de guerra e passagens por campos de concentração.
   O conteúdo deste depoimento, pode ser encontrado em seu livro, publicado pela editora Record, intitulado "O Sobrevivente: Memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz".




Sinopse do livro: Quem se depara com o simpático semblante do polonês naturalizado brasileiro Aleksander Henryk Laks, 87, não acredita que este senhor resistiu por seis anos em campos de concentração até ser libertado pelas tropas aliadas do nefasto campo de Auschwitz. Sobrevivente dos horrores e atrocidades nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Aleksander relata os sofrimentos inimagináveis aos quais foi submetido e conta como conseguiu a eles sobreviver no livro 'O SOBREVIVENTE'- Memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz, escrito com a colaboração de Tova Sender

  Abaixo disponibilizo uma reportagem do fantástico (segue o link) realizada com o Sr. Laks:

   http://www.youtube.com/watch?v=nNiTKvkcEJA




 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Indicação de Leitura: A Metamorfose, de Franz Kafka

Franz Kafka foi um escritor tcheco de origem judaica (1883-1924). Sua obra põe em cena personagens voltados ao estranhamento, à solidão e à culpa. “A Metamorfose”, uma de suas obras mais conhecidas, tem início de uma forma já perturbadora: "Uma manhã, depois de um sono intranquilo, Gregor Samsa despertou convertido em um monstruoso inseto. Estava deitado de costas para baixo sobre uma dura carapaça e, ao alçar a cabeça, viu seu ventre convexo e escuro, sulcado por calosidades curvas, sobre o qual quase não se mantinha o cobertor que estava a ponto de escorregar até o chão. Numerosas patas, penosamente delgadas em comparação com a grossura normal de suas pernas, agitavam-se sem concerto.” Por aqui se observa o embate no qual a narrativa irá se desdobrar. Como pode alguém acordar transformado num inseto e continuar vivendo? Estão aqui o gênero literário (novela) e o tema (social), contendo não muito mais do que vinte mil palavras. No entanto, a densidade dessa obra pode ser considerada um dos textos mais instigantes da literatura do século XX. O foco narrativo é o do “narrador onisciente”, o que pode ser observado na simples presença do verbo de elocução “pensar”, utilizado várias vezes, o que não caberia, portanto, a um suposto narrador em terceira pessoa. Quanto ao discurso, nota-se que o narrador se incumbe de esclarecer quem falou, como e por que falou, ou seja, é nessa perspectiva que o protagonista Gregor Samsa, que trabalha como representante comercial para um armazém da cidade, desenrola sua existência junto à irmã Grete Samsa e seus pais.
O lugar em que se passa a história é em sua casa, particularmente seu quarto, onde passa a maior parte do tempo. Vivendo, então, um profundo constrangimento diante da situação em que se encontra, seja por não poder ir para o trabalho, já que é o arrimo da família, seja por não poder se alimentar direito e, principalmente, pelo que sua nova condição impõe à família, Gregor vive, mais do que uma transformação física, é a metamorfose em si mesmo, pois, em extrema concentração simbólica, cada lance é estratificado como um cosmos, segundo o crítico e biográfo Pietro Citati. E não tendo, enfim, a possibilidade de reverter o seu quadro existencial, a trajetória de Gregor Samsa é a metáfora de uma vida, entre a opressão do pai e a exclusão do meio. Que fim, então, pode ter uma vida assim?
 
Para aqueles que quiserem complementar a reflexão sobre a obra, sugiro a leitura da dissertação de mestrado de Francisco Elias Simão Merçon, intitulada "Uma Leitura Analítica da obra A Metamorfose, de Franz Kafka" (apresentada na USP).

terça-feira, 24 de maio de 2011

Simpósio Internacional de Literatura. Crítica, CulturaV Literatura e Política


Ocorre entre os dias 24/05 e 26/05 o Simpósio Internacional de Literatura, Crítica e Cultura na UFJF, organizado pelo Programa de Pós Graduação em Literatura.
O evento terá mesas redondas, comunicações de alunos da pós-graduação e lançamento de livros. Haverá a entrega de certificados de participação a quem fizer inscrições. O evento é aberto a comunidade.

Destacamos a presença e participação dos professores doutores Fernando Fábio Fiorese Furtado e Edimilson de Almeida Pereira os quais participaram com suas publicações nesta Revista.

Segue a Programação:


3ª. Feira – 24/05/2011

10h – Conferência de Abertura

14h às 17h – Comunicações de alunos de Programas de Pós-Graduação

17h – Coffee-break e lançamentos de livros

18h – 1ª mesa redonda – Literatura Indígena

Mediadora: Prof.ª Dr.ª Teresinha Vânia Zimbrão da Silva

Prof.ª Dr.ª Maria das Graça Graúna (UPE)
Prof.ª Dr.ª Maria Inês de Almeida (UFMG)
Prof. Dr. Charles Bicalho (UFMG)

20h – 2ª mesa redonda – Delírios da linguagem, políticas da vida: diálogos com Deleuze e Guattari

Mediadora – Prof.ª Dr.ª Terezinha Maria Scher Pereira

Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto (UFRJ)
Prof.ª Dr.ª Ana Paula Kiffer (PUC-Rio)
Prof. Dr. André Monteiro Guimarães Dias Pires (UFJF)

4ª. Feira – 25/05/2011

8h – 3ª mesa redonda – Literatura e resistência: dos marginais de 70 aos atuais

Mediador: Prof. Dr. Alexandre Graça Faria

Érica Peçanha do Nascimento (Doutoranda – USP)
Allan Santos da Rosa (escritor)
Prof. Dr. Alexandre Graça Faria (UFJF)

10h – 4ª mesa redonda – Literatura e ditadura: três vozes exemplares

Mediadora: Prof.ª Dr.ª Prisca Rita Agustoni de Almeida Pereira

Prof.ª Dr.ª Patricia Peterle Figueiredo Santurbano (UFSC)
Prof.ª Dr.ª Rosvitha Friesen Blume (UFSC)

14h às 17h – Comunicações de alunos de Programas de Pós-Graduação

17h – Coffee-break e lançamentos de livros.

18h – 5ª mesa redonda – Escritas de si e política

Mediadora: Prof.ª Dr.ª Jovita Maria Gerheim Noronha

Prof.ª Dr.ª Maria Alice Rezende de Carvalho (PUC Rio)
Prof.ª Dr.ª Maria Margarida Martins Salomão (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Jovita Maria Gerheim Noronha (UFJF)

20h – 6ª mesa redonda – Poesia e política

Mediador: Prof. Dr. Fernando Fábio Fiorese Furtado

Prof. Dr. Carlos Felipe Moisés (USP)
Prof. Dr. Alckmar Luiz dos Santos (UFSC)
Prof. Dr. Wilberth Claython Ferreira Salgueiro (UFES)

5ª. Feira – 26/05/2011

8h às 12h – Comunicações de alunos de Programas de Pós-Graduação

15h às 17h – 7ª mesa redonda – Literatura e Política

Mediadora: Prof.ª Dr.ª Enilce do Carmo Rocha Albergaria

Prof.ª Dr.ª Rita Chaves (USP)
Prof. Dr. Benjamin Abdala Júnior (USP)
Prof.ª Dr.ª Barbara Inês Simões Daibert (UFJF)

18h – Conferência de Encerramento – Prof.ª Dr.ª Tereza Cristina Cerdeira da Silva, da UFRJ

sexta-feira, 20 de maio de 2011


Theodor Mommsen: História e Literatura

Christian Matthias Theodor Mommsen (30 de novembro de 1817 - 1 de Novembro de 1903) foi um alemão erudito, historiador, jurista, jornalista, político, arqueólogo e escritor considerado um clássico do século 19. Sua obra sobre a história romana é ainda de fundamental importância. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1902. Mommsen nasceu em Garding de família luterana e fez seus estudos, em grande parte, em casa. Ele estudou grego e latim e recebeu seu diploma em 1837, com o grau de Doutor em Direito Romano. Como ele não podia dar ao luxo de estudar em uma das mais prestigiadas universidades alemãs, ele se matriculou na Universidade de Kiel. Através de financiamento de uma bolsa dinamarquesa, ele visitou a França e Itália para estudar preservadas inscrições da romana clássica. Após período em que passou por diversas universidades, Mommsen se tornou professor e pesquisador na Academia de Ciências de Berlim em 1857 e ele também se tornou professor de História Romana na Universidade de Berlim em 1861, onde ministrou aulas até 1887. Mommsen recebeu grande reconhecimento por suas realizações acadêmicas: a medalha Pour le Mérite , em 1868, a cidadania honorária de Roma, e o prêmio Nobel de literatura em 1902 por seu trabalho principal Römische Geschichte ( História Romana ). Ele é um dos poucos escritores de não-ficção a receber o prêmio Nobel de literatura. Há uma anedota sobre ele, que afirmava estar tão absorto em um livro que ele não estava ciente de um desfile na rua, e caminhou diretamente através dele. Mommsen publicou mais de 1.500 obras, e efetivamente estabeleceu um novo quadro para o estudo sistemático da história dos romanos. Ele foi pioneiro em epigrafia, estudo das inscrições em artefatos de material. Embora inacabada a História de Roma tem sido amplamente considerada como sua principal obra, porém a obra mais importante hoje é talvez o Corpus Inscriptionum Latinarum , uma coleção de inscrições romanas.

Enquanto ele era secretário da Classe-filologia histórica na Academia de Berlim (1874-1895), Mommsen organizou inúmeros projetos científicos, a maioria edições de fontes originais.

Corpus Latinarum Inscriptionum

No início de sua carreira, quando ele publicou as inscrições do napolitano Reino (1852), Mommsen já tinha em mente uma coleção com conhecida inscrições antigas em Latim. Ele recebeu um impulso adicional e treinamento de Bartolomeo Borghesi de San Marino. A completa obra Corpus Inscriptionum Latinarum consistiria em dezesseis volumes. Quinze deles apareceu na vida de Mommsen e ele escreveu cinco deles. O princípio básico da edição (ao contrário de coleções anteriores) foi o método da autópsia, segundo a qual todas as cópias (ou seja, transcrições modernas) das inscrições foram de ser verificada e comparada com a original.

Outras edições e projetos de investigação

Mommsen publicou, ainda, as coleções fundamentais do Direito Romano: o Corpus Iuris Civilis e a Theodosianus Codex. Além disso, ele desempenhou um papel importante na publicação do Monumenta Historica Germaniae, a edição dos textos dos Padres da Igreja, o Limes Romanus (fronteiras romanas), além de suas pesquisas e outros projetos.

Inspiração

Companheiro de Prêmio Nobel (1925) Bernard Shaw cita a interpretação de Mommsen do Primeiro Cônsul da República, Júlio César, como uma das suas inspirações para as suas obras mais importantes. O dramaturgo Heiner Müller também escreveu suas principais obras inspirado pela publicação de Mommsen sobre o império romano. Na Alemanha Oriental o governo decidiu substituir uma estátua de Karl Marx por uma de Mommsen.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

XII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões: Experiências e Interpretações do Sagrado...

De fenômeno que emerge das relações sociais, o sagrado tornou-se tema de pesquisa esquadrinhado pela positividade das ciências. Já como tema recorrente no âmbito acadêmico, o sagrado interpretado volta para o cotidiano dos agentes religiosos definido, classificado e desencantado.
Todavia, o movimento dinâmico da religião não lhe permite o aprisionar-se pelas luzes e dialogicamente ela transforma-se mediante a reconfiguração do espaço público e privado, das tecnologias de comunicação e da intensidade (pós)moderna. Diante disso, a assimetria entre saber acadêmico e saber religioso, também traduzida nos termos antitéticos ciência e experiência, não faz sentido ante a diversidade de interpretações do sagrado. Essas oposições constituídas historicamente obliteram frequentemente a compreensão da religião em sua complexidade, porque a descrevem como desvio e não como fenômeno em si. A problematização é, por isso, pertinente. A fim de refletir a respeito das possíveis interfaces entre os saberes produzidos na academia e na experiência dos agentes e das agências religiosas, propõe-se aqui um simpósio multidisciplinar que reúna diferentes perspectivas sobre o sagrado e as interpretações que dele se faz.
O XII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) assume essa temática como pauta central das atividades científicas a serem desenvolvidas. As conferências, mesas-redondas, mini-cursos e grupos de trabalho programados enfocarão essa temática direta ou indiretamente, com base nos estudos e pesquisas que têm sido desenvolvidos nas diversas áreas do saber que compõem as ciências humanas e que se voltam para a investigação do sagrado. Experiências e interpretações do sagrado: interfaces entre saberes acadêmicos e religiosos, portanto, configura não apenas um tema, mas pretende ser um eixo para a pesquisa sobre a religião e as leituras de sagrado no evento.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Revista Marabília abre chamada de artigos: As relações entre História e Literatura no Mundo Antigo e Medieval


Revista Marabília



Chamada de artigos – Llamada de artículos – Call for papers
Mirabilia 13
 

 

COSTA, Ricardo da (org.). As relações entre História e Literatura no Mundo Antigo e Medieval

Las relaciones entre Historia y Literatura en el Mundo Antiguo y Medieval

Relations between History and Literature in Ancient and Medieval World

Envie seu artigo para: ricardo@ricardocosta.com
 
Prazo final (deadline): 01 de outubro de 2011
 
Mais informações: www.revistamirabilia.com


 

domingo, 8 de maio de 2011

Resultado do Concurso Literário referente ao edital 01/2011

Prezado Leitor,

Você já pode ler as produções literárias selecionadas pelo o Concurso Literário do edital 01/2011. São 3 contos e 5 poesias. Além destas, há as participações especiais.

Participações Especiais
Título da Poesia: Rastro
Autor: Edimilson de Almeida Pereira

Título: Um Terno para K
Autor: Fernando Fábio Fiorese

Obras selecionadas (edital 01/2011)

Poesias
Título: A vida do Mendigo
Autor: Emerson F. Rocha

Título: A Menina e o Tempo
Autora: Maria Regina de Souza

Título: Sou Poeta
Autor: Maria Conceição Pimentel de Souza

Título: Dadaísmo
Autora: Diana Michaela Amaral Boccato

Título: Canção de um Tempo
Autora: Amélia Luz

Contos
Título: Alma, Oceano e Solidão
Autora: Giordana Medeiro

Título: Ao diabo com a burocracia
Autor: Joachim Neander

Título: Símbolos
Autora: Priscila Maini Pinto

Participação do Editor
Título: Encontro Literário
Autor: Raphael Reis
Ainda ressaltamos que estamos muito felizes pela quantidade de acessos que a Revista tem recebido, pois em 4 meses de vida, tivemos uma média de 875 acessos mensais, o que valida ainda mais nossa contribuição à promoção da cultura.
Desejamos a todos boas leituras!

Atenciosamente,

Rafael Laguardia
Raphael Reis

Editores da Revista Encontro Literário

Poesia: Rastro, de Edimilson de Almeida Pereira

RASTRO

              á   r  v  o  r   e    d   o                   á   r  v  o  r   e     d   o
              e s q u e c i m e n t o                    a l u m b r a m e n t o

              para  não sofrer com                   : palavra  dos  mortos
              a  praga  dos  mudos                    que atrai a felicidade
              exigir  que  os  vivos                    cabeça   à  espera  da
              circulem  o  eixo  do                    nudez  para florescer
              mundo  – sua agonia                    .................................        
              ilustra  a desonra  do                    .................................        
              corvo .......................                   .................................        
              ......................o lucro                   .................................        
              do escárnio..............                    .................................        
              á   r  v  o  r   e    d   o                   (                              )        
              exílio  cevada   onde                    .................................        
              não  estivemos,  raro                    .................................        
              piano em esqueletos                    .................................        
              disposto – árvore do                                .................................        
              incêndio  saliva gare                    .................................        
              des mots dos mortos                    .................................

                        ... le  jour  ne sait pas ton nom, ni  ne  le  pourrait. tant
                        cris  de  pluie dorment encore dans  les arbres: embora
                        o machado  esteja  vermelho, o ouriço come  folhas de
                        embaúba,  o  ouriço  come  folhas de bambu,  o  ouriço
                        vai  suavemente  sobre  a relva ao encontro da sombra,
                        sua irmã de pêlo escuro: o ouriço não  anda  quando o
                        sol está de pé ................................le jour est  aussi une
                        nuit lumineuse e ‘ÕNYÃM    OOURIÇO TUTHI  XUX MÃHÃ
                              
                               filho da mesma flora, o leopardo salta na  linguagem e
                        arranha: EKUN  TOFOJU  TANAN  leopardo olhos de fogo
                                                                                                                                              
                        ao lançar-se no espaço defende  outro  arco-íris, o dia
                        e a noite fazem  sua  camisa –  aquela que o  leopardo
                        sua ao dar-se curvo no salto. seu arco, seta do próprio
                        sangue, dispara: o leopardo sob a íris renasce, filho da
                        mesma aragem, rapto de si, senhor que não se declara   
                        ___________________________________________
                       
                        bien sûr, dirão os temerosos da palavra, já não se mira
                        no fruto o que foi a  árvore,  tomai bebei  a  gramática,
                        levai,  aos  domingos,  vossa língua ao  ácido silêncio:
                        EL SIGNIFICADO  NO  TIENE SEMILLAS,  pois  cortou-se  o
                        mal pela raiz: não    floresta,  signos  bichos não há
                        ___________________________________________                   
              á   r  v  o  r   e     d   o                  á   r  v  o  r   e     d   o
              a l u m b r a m e n t o                   e s q u e c i m e n t  o
                  
              para não sofrer com a                 palavra morta oouriço
              e o leopardo crescem na  jaula da história,  sua cabeça
              repousa no hímen da noite        a noite grávida de sóis
                         
                                      EL SIGNIFICADO  ES SEMILLA
                                                  :       OPEN THE WINDOW         :
  
                                                  OOURIÇO TUTHI  XUX MÃHÃ
                                               EKUN  TOFOJU  TANAN       OS
                                                               DOIS    ENTRE   AS   ÁRVORES

                               são o que  não  parecem:  quando   transitam com suas
                        memórias   de   londres,    quem  lhes  diga:    je ne
                        vous connais pas. se rolam  em sua veste  tecida  pelos
                        ancestrais,  não há quem  lhes diga:  – my  brother.  no

                        ESPAÇO ENTRE UM PASSO  E OUTRO       UM SALTO E OUTRO

                        oleopardooouriço  ofende  a calmaria  dos  verbos, sua
                        fala saliva para nutrir  a  árvore  das  árvores    a  que
                        tem raízes para o céu  e flores  para a  terra.  se  roesse
                        a língua,  ao  invés  de  engordá-la,   oleopardooouriço
                        não teria  como  divorciar-se dela.  por isso  a  ternura
                        das garras/o veludo da pele, presente que  mutila  para
                        engravidar o futuro. oleopardooouriço                recusa                   a cidade  e  a  floresta                  reage anti-linguagem  
              á   r  v  o  r   e     d   o                  á   r  v  o  r   e     d   o
              e s q u e c i m e n t  o                   a l u m b r a m e n t o
Edimilson de Almeida Pereira: Possui Graduação em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1985), Mestrado em Literatura Portuguesa (Letras Vernáculas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990), Mestrado em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1996), Doutorado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e Pós-doutorado em Literatura Comparada (2002) pela Universidade de Zurique. Atualmente é professor titular da Faculdade de Letras, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Cultura e Identidade, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura brasileira poesia, cultura afro-brasileira imagens/ identidades, cultura popular tradição modernidade, literatura juvenil e infanto-juvenil