terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lançamento dos livros de poesia, de Anelise Freitas e Larissa Andriolli

A Aquela Editora convida para o lançamento :

Vaca contemplativa em terreno baldio, de Anelise Freitas e No silêncio de um show de rock, de Larissa Andriolli.

O lançamento vai acontecer no dia 13 de dezembro, terça-feira, a partir das 19 horas, 
no Brauhaus (Rua Tavares Bastos, 49, São Mateus, JF - é bem fácil de chegar, mas tem um mapinha em anexo).

Os livros estarão à venda por um preço especial: apenas R$5,00 cada um.

NO SILÊNCIO DE UM SHOW DE ROCK
Larissa Andrioli


Tendo como norte temas e imagens de canções dos Beatles, Larissa Andrioli se lança em uma experiência poética que, mais que uma releitura, é também uma descoberta. Ao mesmo tempo em que revelam (ou inventam) outros sentidos nas letras das músicas, os poemas de No silêncio de um show de rock também se desdobram sobre uma visão de mundo muito particular, que brinca com a simplicidade lírica, sem deixar a elaboração da palavra em segundo plano.

24 páginas
ISBN: 978-85-65179-01-0
Preço: R$ 5,00 
Frete grátis


O que falaram desse livro:

“Há um dado interessante a considerar aqui: já foi dito que talvez a produção de textos hoje só seja possível como paródia. Dito de outra forma, há sempre um texto anterior sob aquele que se produz. Ora, este é um exercício que Larissa realiza admiravelmente bem. E este fato permite a ela uma certa impessoalização que afasta – camufla – qualquer confessionalismo. O texto é consciente de que é texto e extrai disto seu sabor especial. E nos leva a conhecer melhor alguns aspectos da realidade, em que às vezes esbarramos. Sem vê-los!”

VACA CONTEMPLATIVA EM TERRENO BALDIO
Anelise Freitas

Mais do que a subjetividade, talvez seja a intimidade o eixo principal da poesia de Anelise Freitas. Em sua etimologia, "íntimo" significa o que "atua no interior" e é justamente essa a natureza das principais imagens de Vaca contemplativa em terreno baldio. A irreverência do título denuncia o humor que perpassa muitos dos textos, mas deixa evidente também a perspectiva da observação que marca a obra, apoiada na vivência do amor, do sexo, da poesia e da contemplação da vida em todas as suas complexidades.


32 páginas
ISBN: 978-85-65179-00-3  
Preço: R$ 5,00 
Frete grátis


O que falaram desse livro:

“Este livro, caro leitor, começa quente e termina fervendo. Já em sua estreia, Anelise Freitas mostra a que veio, sem pudores, por completo. Desfiando versos molhados, de um lirismo que escorre pelo canto da página, a autora estabelece um pacto com o leitor, de proximidade visceral. Aqui, o sentimento, a vida e a poesia moram na carne, no relacionamento entre os corpos, que geram outros corpos, filhos.”

Lucas Viriato
Mais informações:

domingo, 11 de dezembro de 2011

Reedição das obras de Cecília Meireles

Li há alguns dias, na versão online d'O Estado de São Paulo, a notícia da reedição das obras de Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Orígenes Lessa pela editora Global. Como leitor e interessado pela literatura brasileira fiquei contente, óbvio. Na Folha de São Paulo de hoje (ou foi na ontem?), porém, encontro a notícia de que uma das filhas da poeta entrou com ação na justiça para impedir a publicação. Segundo consta existem irregularidades nos contratos.

O que acho lamentável nisso tudo é que as intrigas de família e interesses pecuniários impedem que os leitores tenham acesso a boas (e novas) edições da obra ceciliana, coisa que contribui para que a autora caia no esquecimento. Prova disso é o fato de eu estar quase formado em Letras e não ter lido um único livro de Cecília nas disciplinas de Literatura Brasileira. Creio que todos nós saímos perdendo com isso, sendo privados da leitura de versos como estes:

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Hora de Clarice

Acontece hoje em sete capitais do país - com ênfase para o Rio de Janeiro - o evento chamado "Hora de Clarice". Organizado pela editora Rocco, que detém os direitos de publicação da obra da autora, esse evento tem a intenção de repetir o Dia D, ocorrido no final de outubro para homenagear o também escritor Carlos Drummond de Andrade.

Embora restrita neste neste primeiro ano do evento, a programação teria, segundo os organizadores, o mérito de demarcar um dia para se lembrar de Clarice. A data escolhida coincide com a efeméride de nascimento da escritora, que em 2011 completaria 91 anos. Ou menos um pouco, a depender do biógrafo e das declarações da própria Clarice que dizia ter nascido em 1925.

Embora toda iniciativa cultural seja importante e necessária em um país que não valoriza muito a Literatura, como é o nosso, acredito que Clarice não precise, hoje, desse tipo de evento para ser lembrada. Os milhares de fãs dela em comunidades espalhadas por todas as redes sociais o provam. Além, claro, do próprio merchandising da editora Rocco, que conseguiu incluir Clarice em cenas de novela há uns anos atrás. Se isso ainda for pouco, podemos apontar como evidência os vários textos que são falsamente atribuídos à escritora e que certamente respondem a um interesse dos internautas em legitimar suas correntes de e-mails com o peso de um grande nome da Literatura.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Resultado do Concurso Literário do edital 02/2011

A missão da Revista Encontro Literário é fomentar a produção literária, compartilhar informações culturais e incentivar o prazer pela leitura. Com esses intentos, publicamos abaixo o resultado do edital 02/2011, o qual contempla o gênero poesia. Ainda, em nosso blog (www.revistaencontroliterario.blogspot.com) há informações acadêmicas, culturais e literárias.
No que se refere à Literatura, dispomos mensalmente as seguintes seções: Dica de Leitura; Literatura e Outras Manifestações; e Teoria da Literatura e Sociedade.
Agradecemos a todos os participantes e leitores da Revista e esperamos sua especial visita em nosso blog, bem como participação no edital 03/2011, o qual será divulgado em março e contemplará o gênero conto.
Segue abaixo desta postagem, os três trabalhos selecionados desta edição.
Desejamos a todos uma excelente leitura!

Editores
Aílton Augusto
Graduando em Letras pela UFJF
Poeta e Prosador

Paulo Roberto Tostes
Doutorando em Literatura pela UFF
Mestre em Literatura pela UFJF
Graduado em Letras pela UFJF
Poeta

Raphael Reis
Especialista em Políticas Públicas pela UFJF
Graduado em História pela UFJF
Prosador
Autor do livro “Contos que Machado de Assis e Jorge Luis Borges Elogiaram”

Contato:



Juiz de Fora
2011

Poesia: Os galos da minha rua, de Reginaldo Costa Alburqueque

Os galos da minha rua

                   I
Os galos que rondam
a minha rua
à luz trêmula do luar

não ciscam gravetos do chão
nem dizem cocoricó

um bando chega
outro foge

às vezes duelam
na curva das esquinas

quem é o dono do terreiro
qual grita mais alto
o maior

                 II
Quando erguem o aço frio
da ponta de seus bicos
noite adentro
tudo cessa de repente

miados no telhado
a estrela cadente
ave-marias à beira da cama

E a monotonia estúpida
da cantiga entoada
atravessa janelas
ameaça por baixo das portas

                III
As mãos que os fazem
expelir fogo
assustando os cupidos

há pouco
brincavam de pega-pega
pipas nos fios elétricos
rodar pião

há muito
carregam a morte e a vida agarradas
à brutal cicatriz branca

do pó

Reginaldo Costa Alburqueque: 47 anos e campo-grandense-MS de coração. Autor do livro Sonetos no azul da tarde.
Contato: reginaldoalbuquerque@uol.com.br

Poesia: Rei de Nada, de Ludmila Abreu

Rei de Nada

De tudo
foste capaz
conquanto fosse absurdo
Sempre pudeste mais
E de todo o teu mundo,
foste rei ineficaz
Prometendo a teu súdito
fantasiosa paz

Fui eu, súdita tua
Fui inteira, um tanto louca
e mesmo nua
quando envolta
por teus braços
vestia-me de tuas loucuras
de teus espasmos
Coisas cruas...
Típicas do teu reinado

Revoltas tramei nove
Norte a Sul
Mas ainda me envolves
Embora, mal saibas, tu
de futuro golpe...

Eis que derrubará teu império
Sério...
Hoje ainda reinas
coração meu
Amanhã, tu beiras
ser apenas museu

Ludmila Abreu: É modelo e estudante de direito, apaixonada por poesias e samba. Escreve e compõe desde os 12 anos.
Contato: ludmilla_abreu@hotmail.com

Poesia: Novas Dimensões, de Luiz Gondim

NOVAS DIMENSÕES
                                                    
Dispenso flores,
missa também;
vou de mãos vazias,
assim como cheguei:
sem rumores, sem ninguém.
Lamentos? De jeito algum,
Dores? Todas suportadas;
apenas fui mais um
entre imprevisíveis jornadas.
Compensações? Há algumas:
fora do espaço,
do tempo liberto,
caminho entre plumas
em iluminado deserto.
O resto, não cabe escolha;
dobra-se a folha,
são novas dimensões.
É itinerário da humanidade:
na aritmética da eternidade,
na geometria das gerações.
Luiz Gondim: É presidente da Academia Cearense de Ciências, Letras e Artes e vice-presidente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lançamento do livro: Colunas de São Pedro: a política papal na Idade Média Central, do Profº. Dr. Leandro Rust


Informamos o lançamento do livro “ 'Colunas de São Pedro': a política papal na Idade Média Central " (Annablume, 2011, 572p.), concluído no âmbito do Vivarium - Laboratório de Estudos da Antiguidade e do Medievo (UFMT), do Professor Dr. Leandro Rust.
Sinopse: 

"O tema primordial do livro consiste numa história institucional do papado entre os séculos XI e XIII. Assim estabelecida na sua aparente simplicidade, a obra em questão poderia parecer pretender remeter os seus leitores ao Oitocentos e à culminância dos discursos oficiais do poder. Ledo e absoluto engano! Seu autor restabelece uma “temática de outrora” em bases conceituais radicalmente outras. Desta perspectiva primordial inovadora decorre uma segunda e a meu juízo ainda maior contribuição, nesse caso à História Medieval, na medida em que restabelece de forma muito mais equilibrada e plena a abordagem de um dos temas mais caros aos especialistas do período em questão: Leandro Rust promove uma profunda revisão crítica do suposto “programa ou projeto reformador” levado a cabo pelo Papado durante a Idade Média Central, mais conhecido do público leitor pelo pomposo e vigoroso título de Reforma Gregoriana." (da Apresentação, por Mário Jorge da Motta Bastos)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Drummond, o poeta gauche


"Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida". Assim, Carlos Drummond de Andrade se anuncia no “Poema de sete faces”, de seu livro de estréia – “Alguma Poesia” (1930), fazendo jus à palavra gauche, de origem francesa, que corresponde a esquerdo, em português. Nessa perspectiva, nota-se, desde seu primeiro livro, o comprometimento do poeta em assumir-se estética e existencialmente. Mais do que um mero versejar sobre dor-de-cotovelo ou falta de dinheiro, o poeta verdadeiramente é “a antena de uma raça”, como diz o grande crítico Erza Pound em seu “ABC da Literatura” e, por isso mesmo, o seu fazer requer um árduo trabalho de leitura e técnica, de contemplação e mesmo de atitude diante da existência. É esse percurso que se fez na obra do poeta itabirano.
De sua primeira fase (gauche), caracterizada pelo pessimismo, isolamento e reflexão existencial, bem como o desencanto em relação ao mundo, surgem as obras “Alguma Poesia” (1930) e “Brejo das Almas” (1934), onde se sobressai o tom irônico e coloquial.
Da segunda fase (social), vem o anseio do poeta de participar e tentar transformar o mundo, deixando de lado o pessimismo e o isolamento da fase anterior – o poeta é solidário com o mundo e assim publica “Sentimento do mundo” (1940)
“José” (1942) e “Rosa do Povo” (1945).
A terceira fase pode ser dividida em dois momentos: a poesia filosófica e a poesia nominal. A primeira é imersa em textos que refletem temas de grande preocupação universal como a vida e a morte, destacando-se “Fazendeiro do ar” (1955) e “Vida passada a limpo” (1959). A poesia nominal é caracterizada por neologismos e aliterações, como “Lição de coisas” (1962).
Por fim, a fase das memórias (década de 70 e 80 do século passado), marcada pelas grandes recordações de Drumond e pelos temas sobre a infância e a família, que são retomados e aprofundados nas obras “Boitempo”, “Boitempo III”, “As impurezas do branco” e “Amor Amores”.
Drummond também escreveu contos e crônicas: Conto: “Contos de Aprendiz”; Crônica: “Passeios na Ilha”, “Cadeira de balanço”, “Os dias lindos”, além do conjunto de poemas eróticos que ele mantinha em segredo, intitulado “O amor natural” (1992).
Enfim, como já prenunciava a epígrafe de Augusto de Campos, a pedra de Drummond ganhou o mundo. Agora é “drummundana”, afinal, no meio do caminho tem um poeta – Carlos Drummond de Andrade. Todavia, cabe aos poetas de hoje não se deixarem petrificar pelo passado nem vangloriar-se no futuro, simplesmente, às de algumas pedras que transportam no meio de seus caminhos...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Drummond e Portinari: poesia e pintura

Escrevo este texto premido pelas obrigações da minha função de editor e, ao mesmo tempo, aproveitando o ensejo das comemorações recentes pelo aniversário do poeta Carlos Drummond de Andrade, que já comentamos aqui na Revista e que, inclusive, ensejou igualmente a dica de leitura postada pelo amigo Raphael Reis.

Pensei que para começar uma "coluna" - neste caso seria melhor falar de marcadores - sobre as aproximações da Literatura com outras artes, seria interessante mostrar alguns dos poemas que Drummond escreveu como "legenda" ou "glosa" para desenhos de Portinari criados a partir do Dom Quixote, de Cervantes - ao fim e ao cabo, outra referência literária.

Estes poemas foram editados em um volume fora de comércio junto com os desenhos de Portinari, sendo reunidos depois por Drummond no volume As impurezas do branco, de 1973. Para explicitar o valor dessa aproximação da literatura com a pintura recorro às considerações de Alice Áurea Penteado Martha, que, em um artigo [1] dedicado aos desenhos de Portinari e aos poemas de Drummond diz o seguinte:

"A construção dos poemas revela, certamente entre outras, duas leituras do poeta: do texto de Cervantes (1605) e dos cartões da série Quixote, de Portinari. Sob essa ótica, a elaboração dos poemas pressupõe modos diferenciados de percepção do objeto de poesia pelo eu poético, um verbal e outro não-verbal, dinâmica que produz, no entrelaçamento de visões, um Quixote renovado, para deleite dos leitores de Cervantes, de Portinari e do próprio Drummond."


Dom Quixote de Cócoras com Idéias Delirantes


I / Soneto da loucura
A minha casa pobre é rica de quimera
e se vou sem destino a trovejar espantos,
meu nome há de romper as mais nevoentas eras
tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas
jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.
Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,
o que nele recolho é o olor da glória eterna.

Donzelas a salvar, há milhares na Terra
e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,
torto endireitando, herói de seda e ferro,

E não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,
na férvida obsessão de que enfim a bendita
Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.



VIII/A lã e a pedra                                                            
                                                                                                   Dom Quixote Atacando um Rebanho de Ovelhas
- Olha Alifanfarrão e seus guerreiros!
Olha Brandabarrão e Miaulina!
Micocolembro, vê! mais Timonel!
- Senhor, eu vejo apenas uns carneiros.


A lança em riste avança e fere a lã,
traspassa ovelhas como se varasse
o coração de feros inimigos.
- Chega, senhor, esta peleja é vã.


(Não chega, não, até que a boca sangre
                   e dentes saltem,
                   costelas partam-se
                   e role o corpo,
                   colchão de dores,
                   do herói vencido
                   não por Ali
                   mas a pedradas
                   de enfurecidos                    
                        pastores)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dica de Leitura: O Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira do Mato Dentro, nono filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade. Foi jornalista, professor secundário, funcionário público, tradutor, usou óculos de aro de tartaruga, terno, gravata e uma pastinha preta que carregava na mão quando seguia, já morando no Rio de Janeiro, para seu trabalho no Ministério da Educação e Saúde Pública. Mas foi principalmente poeta e refinado prosador, publicando livros de poemas e crônicas diárias nos principais jornais do Brasil
Quando Carlos Drummond de Andrade escreveu seu primeiro livro, Alguma Poesia (1930), o tema marcante era o do sujeito que constrói sua própria história e que, desde então, estaria presente ao longo de toda a sua obra.
Segundo o Professor Paulo Tostes, “Jean Paul-Sartre ainda não tinha publicado sua definição sobre o que implica o Existencialismo e Drummond já assumia em sua poesia a visão de que primeiro o homem existe, para depois se definir”.
No que se refere à obra O Sentimento do Mundo, obra essa indicada nesta seção como Dica de Leitura, revela sua reflexão sobre o século XX. Foi publicada em 1940, em plena a Segunda Guerra Mundial; época marcada pela ascensão de vários governos totalitários, inclusive, no Brasil tínhamos a Ditadura do Estado Novo com Vargas (1937-1945).
 Os dois versos que iniciam o poema que dá o título a este livro, “Tenho apenas duas mãos/e o sentimento do mundo”, segundo o colunista da Folha de São Paulo, Manuel da Costa Pinto, introduz ao universo do poeta mineiro, “um território literário sulcado pela ironia e pela perplexidade metafísica, dividido entre o tom prosaico (que aproxima a poesia dos problemas do homem comum, da ‘vida presente’) e a impossibilidade da expressão (demarcando o abismo interior de cada um)”.
Enfim, por que ler Drummond? O jornalista Heitor Mello, responde como ponto de partida uma das poesias do livro o Sentimento do Mundo, “Elegia1938”. Para ele, essa poesia
poderia entrar na categoria de poema profético, se fosse o caso. Mas o que conta aqui é que Drummond, poeta dos mais inteligentes e ligados ao seu tempo, sabia o peso que a ilha de Manhattan ocupava e ocupa no concerto das nações do capitalismo moderno. O poema, que trata de certa forma da falta de sentido de nossa vida no mundo de hoje (mesmo se tratando de um poema dos anos 30, o assunto ainda é pertinente), no qual trabalhamos “sem alegria para um mundo caduco”, termina com os seguintes versos:

‘Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota/ e adiar para outro século a felicidade coletiva./ Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição/ Porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan’.

O Sentimento do Mundo é composto pelas seguintes poesias:

Sentimento do Mundo
Confidência do itabirano
Poema da Necessidade
Canção da Moça-Fantasma de Belo Horizonte
Tristeza do império
O Operário no mar
Menino chorando na noite
Morro da Babilônia
Congresso Internacional do medo
Os mortos de sobrecasaca
Brinde no Juízo Final
Privilégio do mar
Inocentes do Leblon
Canção de berço
Indecisão do Méier
Bolero de Ravel
La possession Du monde
Ode no cinqüentenário do poeta brasileiro
Os ombros suportam o mundo
Mãos dadas
Dentaduras duplas
Revelação do subúrbio
A noite dissolve os homens
Madrigal lúgubre
Lembrança do mundo antigo
Elegia 1938
Mundo grande
Noturno à janela do apartamento

Obs.: Fica a dica do documentário da Globo News sobre o poeta. Inclusive há poesias declamadas pelo próprio Drummond.
  Para visualizar o documentário assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=1PoU8aVRRAI