Os galos da minha rua
I
Os galos que rondam
a minha rua
à luz trêmula do luar
não ciscam gravetos do chão
nem dizem cocoricó
um bando chega
outro foge
às vezes duelam
na curva das esquinas
quem é o dono do terreiro
qual grita mais alto
o maior
II
Quando erguem o aço frio
da ponta de seus bicos
noite adentro
tudo cessa de repente
miados no telhado
a estrela cadente
ave-marias à beira da cama
E a monotonia estúpida
da cantiga entoada
atravessa janelas
ameaça por baixo das portas
III
As mãos que os fazem
expelir fogo
assustando os cupidos
há pouco
brincavam de pega-pega
pipas nos fios elétricos
rodar pião
há muito
carregam a morte e a vida agarradas
à brutal cicatriz branca
do pó
Reginaldo Costa Alburqueque: 47 anos e campo-grandense-MS de coração. Autor do livro Sonetos no azul da tarde.
Contato: reginaldoalbuquerque@uol.com.br
Esses galos merecem ser presos em um galinheiro de segurança máxima, mas infelizmente quem deveria fazer isso fica como pavão apenas exibindo uma cauda exuberante e sem produzir nada de efetivo...
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