sábado, 3 de dezembro de 2011

Poesia: Os galos da minha rua, de Reginaldo Costa Alburqueque

Os galos da minha rua

                   I
Os galos que rondam
a minha rua
à luz trêmula do luar

não ciscam gravetos do chão
nem dizem cocoricó

um bando chega
outro foge

às vezes duelam
na curva das esquinas

quem é o dono do terreiro
qual grita mais alto
o maior

                 II
Quando erguem o aço frio
da ponta de seus bicos
noite adentro
tudo cessa de repente

miados no telhado
a estrela cadente
ave-marias à beira da cama

E a monotonia estúpida
da cantiga entoada
atravessa janelas
ameaça por baixo das portas

                III
As mãos que os fazem
expelir fogo
assustando os cupidos

há pouco
brincavam de pega-pega
pipas nos fios elétricos
rodar pião

há muito
carregam a morte e a vida agarradas
à brutal cicatriz branca

do pó

Reginaldo Costa Alburqueque: 47 anos e campo-grandense-MS de coração. Autor do livro Sonetos no azul da tarde.
Contato: reginaldoalbuquerque@uol.com.br

Um comentário:

  1. Esses galos merecem ser presos em um galinheiro de segurança máxima, mas infelizmente quem deveria fazer isso fica como pavão apenas exibindo uma cauda exuberante e sem produzir nada de efetivo...

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