terça-feira, 30 de outubro de 2012

Poesia selecionada no Edital 04/2012 - "Soneto torto"

Soneto torto

por Everardo Paiva de Andrade *


dê-me uma tese em 2 v. de mil p.
e o vento forte do Isaac à beira-mar
dê-me uma dúzia de copos vazios
e essa sede de alastrar incêndios

dê-me a divina benção sobre o lucro
e a roleta de um banco oficial
dê-me o canto d’Os cantos de Pound
e toda ira do poeta contra a usura

dê-me a aspereza das tardes cruas
a nota de uma trova em mil palavras
dê-me a própria dor por companheira

e a esperança bem no vidro da janela
dê-me o tempo perdido, a lembrança
e o retorno é o que vai neste soneto


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* Everardo de Paiva Andrade assim se descreve: "Nasci em Itaperuna, cidade do extremo noroeste fluminense. Fui uma criança sorridente e de certo modo ainda me considero uma pessoa feliz. Acostumei-me a ser sempre o mais novo da turma e agora, cada vez mais, me sinto o mais jovem dos velhos. Fui estudante de História, o que me deu uma profissão e uma angústia, porque não pude fazer o mundo que imaginava impossível. Integro (se é que ainda me querem por lá) as academias itaperunense e campista de letras, essas belas experiências de vanguarda na retaguarda local. Publiquei dois livros de poesia, um no início da década de 90, outro na de 2000, e de novo já se passaram dez anos... Retornei a Niterói e vivo hoje onde e como escolhi, embora aquela voz persistente insista aos meus ouvidos que não cumpri integralmente uma promessa. Sou professor na Faculdade de Educação de uma universidade pública, lidando com jovens estudantes de História, e gosto do que faço. Não pretendo regressar a Itaperuna quando concluir minha desaprendizagem. Está bom assim!" Contato: everardo_andrade@uol.com.br

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